Obras de arte de asfalto
Na paisagem norueguesa, as estradas bailam entre os fiordes e as montanhas. Um passeio com o novo Porsche Cayenne por caminhos que são muito mais do que apenas a ligação de dois pontos.
Cayenne
Emissões de CO2 (combinado): 209–205 g/km Consumo urbano: 11,3–11,1 l/100 km
rodoviário: 8,0–7,9 l/100 km
combinado: 9,2–9,0 l/100 km
Classe de eficiência energética: G (Dados de 2017)
Lá está ela, como uma fita de presente fina e encaracolada, agitada pelo vento, escorada na encosta íngreme: a conhecida Trollstigen, a estrada panorâmica mais frequentada da Noruega e uma obra-prima da engenharia. São onze curvas em serpentina do vale Isterdalen até o passo de Stigrøra, numa subida de 405 metros. Em alguns pontos, a estrada foi entalhada na rocha; em outros, reforçada por blocos de pedra maciça. No meio do percurso em direção ao passo de montanha, uma ponte de pedra passa por cima da cachoeira Stigfossen. Cada curva tem um nome – geralmente, o do engenheiro responsável por sua construção.
É quase como dar saltos com o Porsche Cayenne para subir até o passo, parece ser impossível dar uma paradinha, a cada curva ele vai escalando o maciço Trolltindene. Rochas vão elevando-se como ondas que não quebram nunca. Só de vez em quando uma cachoeira gigantesca rebenta vale adentro, onde o mar já cavou centenas de quilômetros em direção ao interior: o fiorde de Geiranger é o fiorde entre os fiordes noruegueses e faz parte do Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
O cartão-postal da Escandinávia é emoldurado por rochas do tamanho de cidades, infinitas florestas, cumes cobertos de neve – e estradas, o bastião do ser humano perante a grandiosa natureza. Em meio à floresta verde, o asfalto tem seu leito. 280 quilômetros a noroeste de Oslo, o Porsche abre seu caminho, iniciando em Åndalsnes, passando por Trollstigen a caminho de Geiranger, pegando a “Rota Dourada” inaugurada em 1936 pelo Rei Haakon VII. Rodovias panorâmicas são o alter ego do turismo norueguês. Elas permitem explorar os confins nórdicos e facilitam o acesso à diversidade deste país. Elas suprimem as barreiras da natureza.
As 18 mais belas rotas pela paisagem norueguesa se estendem por mais de 1.850 quilômetros, entre as montanhas ao sul e a costa do Atlântico ao extremo norte. Essas obras-primas da engenharia rodoviária, que unem a eterna natureza à arquitetura contemporânea, ziguezagueiam ao longo de fiordes e cadeias montanhosas. Algumas delas adentram até as imponentes ondas do Atlântico. Caracterizada por fiordes, a costa norueguesa, que esticada teria uma extensão de 6.000 quilômetros, não constitui um limite para essas estradas.
Curvas fechadas, natureza vasta
Na região Møre og Romsdal é onde se pode encontrar a maioria destes traçados de asfalto quilométricos. Depois das curvas sinuosas de Trollstigen, mais no interior, uma das mais antigas estradas do país se envereda por uma montanha. A Gamle Strynefjellsvegen já existe há 130 anos. Marcos de fronteira na sua beirada são resquícios das antigas explorações dos habitantes. A região é muito apreciada por turistas, pois embaixo pode-se tomar banho e em cima, nas montanhas, há neve o ano todo.
Na natureza indomável, o homem se supera, tornando-se o melhor de si mesmo.
Neste dia, a neve vence novamente a competição com os raios do sol. Eles fazem a temperatura subir a 15 graus Celsius na montanha – a máxima deste ano. Sobre o platô, a estrada meandra, passando por uma série de lagos gelados deslumbrantes. Aconselha-se não fazer o retorno tão cedo, pois o espaço não dá para dois carros lado a lado. O asfalto se esculpe onde pode na paisagem intocada, onde algumas poucas cachoeiras escorrem como veias pelo rochedo, como um símbolo de vitalidade.
Voltar à natureza significa retornar a si mesmo. O Cayenne também mostra agora seus pontos fortes. Ceder espaço, ganhar espaço. A estrada vai dar no centro da montanha: no túnel de Lærdal, o mais longo túnel rodoviário do mundo. Nele, as ondas sonoras não se dissipam e um estrondoso trovão se forma, propagado pelas frias e cavernosas paredes. É um contraste extremo em relação aos quietos alpinistas sobre a montanha. Vastidão total versus claustro total.
A luz é escassa nos 24,51 quilômetros entre Aurland e Lærdal, no distrito de Sogn og Fjordane. Como num acelerador de partículas, o Cayenne se move nas trevas. Invisível para todos lá fora. Quase invisível para os companheiros, acompanhantes momentâneos da viagem neste túnel que une tantas características: ligação, arte da engenharia, arquitetura moderna e espaço.
Obra do século
O Cayenne segue seu caminho rumo ao norte, à costa do Atlântico. Os noruegueses já construíam grandes embarcações na Idade do Bronze. Milhares de anos mais tarde, eles criaram de 1983 a 1989 a “obra do século” norueguesa: Atlanterhavsveien, a Estrada do Atlântico. O trecho de 8.200 metros da Estrada Real 64 vai além das fronteiras costeiras. Brincando com o mar indomável, ela liga de forma praticamente direta as cidades de Molde e Kristiansund. Citando livremente: onde a natureza se impõe com força indomável, o homem se supera, alcançando o melhor de si mesmo. Passando por muitas pontes, o percurso eleva-se a até 23 metros de altura e supera as forças da natureza. Aceitar o desafio da natureza é o que melhor retrata as estradas panorâmicas norueguesas. O caminho é o que importa. E a estrada é a obra de arte.